Dr. Rafael Ferreira, especialista em Cosmetologia fala sobre as principais evidências científicas e ajuda a esclarecer alguns mitos e enganos em torno da Ozonioterapia
A Ozonioterapia tem sido alvo de controvérsia, principalmente depois da recém-aprovada Lei 14.648/23, (7 de agosto de 2023) sobre o uso do método como tratamento complementar. O fato é que a Ozonioterapia está envolta em discussões que frequentemente subestimam sua robustez científica. Com resultados sólidos em revistas respeitadas, o debate em torno da terapia merece uma análise mais criteriosa e equilibrada. Para desfazer mal-entendidos sobre o tema, o Portal Estética e Mercado, mídia especializada no setor, ouviu quem realmente entende do assunto e preparou um conteúdo exclusivo – a Série Especial: Ozonioterapia em foco. Neste segundo post da série, conversamos com o Dr. Rafael Ferreira, formado em Farmácia e pós-graduado em Marketing e MBA em Cosmetologia. Ferreira é mestre em Ciências da Saúde; doutor em Medicina Celular e Molecular pela Faculdade de Medicina do ABC e professor universitário. Ele faz uma breve análise sobre as comprovações científicas existentes, desvenda alguns mitos e fala sobre os impactos econômicos do uso da Ozonioterapia. Confira!
Desconstruindo mitos e enganos
O primeiro ponto, destacado pelo Dr. Rafael é de fato desconstruir os mal-entendidos sobre o uso do método com ozônio. “Existe uma falsa noção de que o ozônio é intrinsecamente prejudicial. Tal equívoco parte de um entendimento insuficiente das bases do tratamento, desconsiderando o princípio fundamental de que a diferença entre um remédio e um veneno reside na dosagem. Muitos dos que apontam os riscos do ozônio utilizam como base da sua formação como contaminante ambiental, agentes domissanitários e em condições totalmente discrepantes com as que são utilizadas na abordagem clínica. O captopril, por exemplo, é um medicamento para hipertensão que foi obtido a partir do veneno da jararaca. Fazendo um parêntese do que está sendo apresentado, ninguém pede para a cobra picar o hipertenso para ele melhorar correto? O absurdo é tão grande que as analogias sobre as utilizações do ozônio em relação a como ele realmente é utilizado dentro do perfil clínico, chegam a esse nível absurdo se forem colocados em paralelo, ressalta o Dr. Rafael Ferreira, especialista em Cosmetologia.
Resultados de peso em revistas de impacto
Desmistificando qualquer alegação de falta de comprovação científica, a literatura está repleta de estudos que destacam os benefícios da Ozonioterapia. “É importante esclarecer sobre a mentira da ausência de comprovações científicas. São inúmeras as comprovações publicadas em revistas de impacto, por exemplo, temos a demonstração de sua associação positiva com antibiótico no tratamento de feridas contaminadas com bactérias resistentes, artigo publicado na Revista Nature, ou seja, uma das mais importantes revistas do mundo”, afirma Rafael.
Evidências científicas e níveis de confiança
O debate frequentemente se volta para o nível de evidência científica. No entanto, é importante compreender que o nível de evidência não exclui resultados significativos. A classificação dos níveis de evidência avalia tanto os resultados quanto a metodologia de pesquisa. Embora um nível mais alto indique alta qualidade metodológica, não invalida trabalhos com níveis mais baixos. Na verdade, tais estudos podem ser a base para investigações mais robustas e refinadas.
“O nível de evidência científico utiliza um sistema classificatório que avalia os resultados bem como a metodologia de escrita científica dos trabalhos. Se bem escrito e com metodologia clara, além do baixo viés de pesquisa, o nível de evidência é alto. Mas isto não quer dizer que um trabalho que não tem um nível de evidência tão alto não tenha resultados importantes. Como pesquisador eu diria que ele deveria ser repetido, corrigindo as falhas metodológicas e validando se os resultados se mantêm”, explica Dr. Rafael.
Segundo o especialista, o jogo das tentativas de tirar o foco ou desvalorizar o ozônio é grande. “Um bom pesquisador que realizar uma coleta de dados não tendenciosos verificará que a Ozonioterapia, assim como todas as áreas têm nível de evidência baixo para algumas abordagens clínicas, todavia tem nível de evidência altíssimo, até superior a grande maioria dos procedimentos e medicamentos utilizados quando se fala de tratamento da dor, recuperação de tecidos, controle de microrganismos e em feridas”.
O desafio da redução de custos
Além de sua eficácia, a Ozonioterapia demonstra a habilidade de reduzir os custos medicamentosos, um aspecto que muitas vezes é ignorado, de acordo com o Dr. Rafael. “Uma pesquisa realizada pela consultoria Semear destacou que, em certos casos, a Ozonioterapia resultou em reduções de até 80% nos custos de tratamento. Essa economia, embora benéfica para os pacientes, não é igualmente vantajosa para setores da indústria farmacêutica. O dilema se torna evidente, revelando um embate entre o desejo de saúde acessível e os interesses financeiros”, comenta.
Leia mais
Relatório Semear
Análise econômico-financeira do uso da Ozonioterapia como parte do tratamento de patologias https://www.sbahq.org/wp-content/uploads/2018/01/649817noticiasite.pdf
Biostimulating effect of ozone therapy on facial rejuvenation, a multilayered approach with combined therapies: a case report and literature review
Efficacy of biostimulatory ozone therapy: Case report and literature review
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33738907/
Alternative approach to treating dark circles: A case report
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36052756/
Série Especial: Ozonioterapia em foco
*Rafael Ferreira é formado em Farmácia e pós-graduado em Marketing e MBA em Cosmetologia. É mestre em Ciências da Saúde; doutor em Medicina Celular e Molecular pela Faculdade de Medicina do ABC e professor universitário.
@rafaelferreiradoutor