Por Estética & Mercado — Em uma conversa direta e cheia de recortes aplicáveis ao dia a dia das clínicas, Débora Vasconcelos, Diretora de Operações da Beauty Connect, recebe a fisioterapeuta e educadora Ana Martha (criadora da Top Corpus) para discutir como profissionais da saúde estética podem sair da guerra de descontos, construir reputação e aumentar faturamento com estratégia, sem abrir mão de ciência e ética.
“Independência financeira é possível — com metas e estratégia”
Logo na abertura, Ana Martha reforça que acompanha “milhares de mulheres” alcançando independência financeira a partir das terapias manuais. A fórmula? Metas palpáveis, “tijolinhos” colocados na ordem certa e uma visão empreendedora que vai além da técnica: “No final, são os nossos sonhos, o nosso orgulho e o legado que a gente deixa.”
O mito da “força” e o valor do toque qualificado
Um dos pontos mais fortes do episódio derruba crenças antigas sobre massagem. Segundo Ana, massagem não quebra gordura — e, portanto, não precisa doer. O foco correto está em reduzir edema, atuar em funções neuromusculares e liberar neurotransmissores. A profissional critica o tradicionalismo desatualizado que ainda incentiva manobras vigorosas e dolorosas: “Nada disso é feito com força — é com relaxamento e técnica.”
Conscientizar a cliente faz parte do trabalho
Para ela, falta educação do público: explicar por que dor não é sinônimo de resultado, ajustar expectativas e proteger a saúde da terapeuta. E deixa um alerta contundente: diga “não” a clientes tóxicas que exigem práticas prejudiciais. “Demita a cliente que destrói seu corpo e sua carreira. Há muita gente boa chegando.”
Três erros que travam agenda e lucro
- Estar fora da internet. “A rua mais movimentada do mundo é o Google; a vitrine mais linda é o Instagram.”
- Comparação que paralisa. Olhar para os lados rouba foco e autoconfiança.
- Repetir as mesmas estratégias. Crescimento exige novas estratégias, não insistir nas antigas.
Débora reforça: abrir um espaço torna o profissional empreendedor — o CNPJ exige gestão, indicadores e metas. “Sem cliente agendado? Nada de ir para casa. Hora de trabalhar o negócio.”
Guerra de descontos: por que ela atrai o público errado
Promoções mal planejadas viram um ímã de clientes problemáticas: desmarcam em cima da hora, não têm frequência, não geram resultado e ainda pedem mais desconto. A regra de ouro do episódio: promoção é tática, não estratégia. Posicionamento, proposta de valor e experiência que diferencia pagam mais dividendos que reduzir preço.
Como aumentar o tíquete médio (com e sem maca)
Além de incrementar o valor do atendimento com rituais e combinações (escalda-pés, chás, aromaterapia, rosto + corpo), Ana aponta nichos pouco explorados para escalar faturamento fora da maca:
- Parcerias B2B: vender vouchers e kits para empresas (metas, aniversários, datas comemorativas).
- Programas de bem-estar corporativo: contratação de massoterapeutas e ações recorrentes no ambiente de trabalho.
- Redes públicas e comunitárias: participação em iniciativas locais de saúde e prevenção (SUS/secretarias).
O recado central: diversificar canais de receita, formalizar propostas e profissionalizar a venda abre novas fontes de faturamento — sem depender só da agenda 1:1.
Marketing do bem: ciência + comunicação
Quando ciência e segurança técnica estão sólidas, o marketing deixa de ser vilão e vira ponte de acesso. “Se achamos que marketing é ruim, quem vai mostrar o que é bom?”, provoca Ana. O episódio defende o marketing como missão: levar informação de qualidade, atrair o público certo e gerar impacto real na saúde e autoestima.
Lipedema em foco: técnica, humanização e visibilidade
Ana comenta sua curadoria em simpósio sobre Lipedema, destacando a importância de equipes multidisciplinares e comunicação responsável. Muitas mulheres seguem sem diagnóstico ou tratamento adequado — daí a urgência de estudar, atualizar condutas e falar mais (e melhor) com a sociedade. Débora compartilha sua própria experiência, reforçando o quanto informação correta evita procedimentos desnecessários e melhora a jornada da paciente.
Para construir reputação no bairro (e além)
O conselho final de Ana é direto: “Foque na ciência.” Estudo contínuo dá segurança clínica; segurança sustenta bom marketing; e o marketing certo atrai o paciente certo. Some a isso mentoria de quem já trilhou o caminho — não há por que aprender sofrendo.
Principais aprendizados do episódio
- Posicionamento vence preço: promoção é ferramenta, não identidade.
- Dor não é indicador de eficácia: técnica baseada em ciência gera resultado e fidelização.
- Gestão é prioridade: presença digital, indicadores e rotina comercial são tão importantes quanto a técnica.
- Diversifique receita: rituais de valor no consultório + parcerias corporativas e comunitárias.
- Comunique para transformar: marketing ético amplia acesso, educa o público e fortalece a profissão.
Veja a conversa completa: