O estudo clínico Avaliação da eficácia do peeling de ácido tricloroacético a 20% no rejuvenescimento da região periorbital, publicado na Revista Implant News em agosto de 2023, de autoria de Fernando Ferro Cortez, Biomédico especialista em Biomedicina Estética – Faculdade Ibeco e Silvana Simão, Mestra em Promoção da Saúde – Unasp, avaliou a eficácia do peeling médio da região orbicular dos olhos.
Para saber mais detalhes sobre os resultados da pesquisa, conversamos com os especialistas que nos contaram mais detalhes. Confira abaixo.
Estética e Mercado: Qual foi o objetivo do estudo para avaliar a eficácia do peeling de ácido tricloroacético a 20% no rejuvenescimento da região periorbital?
Fernando Cortez e Silvana Simão: O objetivo foi analisar a eficácia do peeling médio do ácido tricloroacético da região orbicular dos olhos, avaliando sua ação após a realização de duas sessões na melhora da profundidade das rugas periorbitais, na retração do excesso de pele e na flacidez tissular das pálpebras superiores e inferiores, além da melhora da pele da região, como um todo.
EM: Conte para nós como foi realizada a pesquisa, escolha dos voluntários e aplicações realizadas.
FC e SS:Trata-se de um estudo experimental, prospectivo e longitudinal utilizando o peeling de ácido tricloroacético a 20% a média profundidade na avaliação do rejuvenescimento da região periorbital.
Foram selecionadas três voluntárias com quadro de flacidez tissular das pálpebras superior, inferior e da região orbicular dos olhos, sem histórico de tratamento prévio.
Aplicou-se com haste flexível de algodão o ácido tricloroacético a 20% em base hidroalcoólica, camadas suficientes para atingir o frost branco leitoso uniformemente na região das pálpebras superior, inferior e região orbicular dos olhos.
Nos sulcos periorbitais, após surgimento do frost branco leitoso, aplicou-se com um microaplicador o ácido tricloroacético a 20%, camadas suficientes para intensificar o frost pontualmente dentro dos sulcos. As sessões foram realizadas duas vezes, com um intervalo de 45 dias entre elas.
EM: Como os resultados do tratamento impactaram a região das pálpebras superiores nas voluntárias?
FC e SS: O excesso de pele e a flacidez tissular presentes nas pálpebras superiores das voluntárias se mantiveram praticamente os mesmos. Porém, observou-se uma discreta melhora na sustentação tissular na região.
Observou-se uma melhora significativa, após o término do tratamento, na região da pálpebra inferior, tanto na flacidez tissular quanto na profundidade dos sulcos nasojulgal e pálpebro-malar, assim como uma notável diminuição da protuberância da bolsa malar, da profundidade do sulco formado devido ao deslocamento de tecido gerado pela bolsa e de retração do festoon gerado pelo acúmulo de tecido devido à flacidez tissular na região. Em relação às rugas periorbitais, observou-se uma discreta melhora na profundidade dos sulcos. No geral, foi observada uma melhora do aspecto e coloração da pele da região tratada.
EM: Quais são as limitações e as implicações observados durante o estudo?
FC e SS: O peeling de TCA a 20% mostrou-se limitado quando avaliado com o conceito de blefaroplastia sem cortes. A inflamação gerada pelo ácido não possui força suficiente para contrair e diminuir o excesso de pele das pálpebras superiores, mesmo quando utilizado à média profundidade, e acredita-se que a anatomia da região contribui para essa limitação. A pele da região periorbital mostra-se fina, principalmente da pálpebra superior, e possui uma delgada camada de tecido conjuntivo. Os fibroblastos são células presentes nesse tecido e responsáveis pela produção de colágeno e elastina, que melhoram a firmeza e elasticidade tissular. A pouca presença de tecido conjuntivo leva à baixa concentração de fibroblastos e escassa estimulação desse grupo celular pelo processo de inflamação, o que se acredita ser o ponto-chave que levou à limitação do resultado.
EM: Para encerrarmos, falem um pouco sobre as principais perspectivas deste tipo de aplicação e os próximos passos nesta área.
FC e SS: As perspectivas são positivas, pois entendemos que o procedimento embora tenha demonstrado suas limitações com relação à pálpebra superior, foi diferente com a pálpebra inferior considerando a possibilidade do peeling interagir com outras técnicas e cosméticos para o gerenciamento da região. O peeling de TCA a 20% na região da pálpebra demonstrou ser seguro, porém vale ressaltar que o procedimento é técnica dependente, ou seja, é preciso treino e precisão para sua aplicação. Além disso, as técnicas de peelings químicos são praticadas em muitos consultórios de estética. O peeling é uma ferramenta que encontra boa performance em todos os fototipos, porém o peeling de TCA 20% com sua característica cáustica e inflamatória traz riscos importantes de hiperpigmentações pós inflamatórias quando aplicado em fototipos altos.