Nos últimos anos, a técnica de Endolifting® tem conquistado um espaço significativo na dermatologia estética, sendo amplamente adotada para o rejuvenescimento e remodelação facial. No entanto, o crescimento acelerado dessa abordagem também trouxe desafios, como a disseminação de informações imprecisas e o uso indiscriminado de equipamentos com múltiplos comprimentos de onda sem uma fundamentação científica clara sobre sua aplicação.

Em seu estudo “The efficacy of two wavelengths in the Endolifting® technique – case study”, publicado no Journal of Dermatology & Cosmetology em 2024, a Dra. Layla Dias investiga a combinação dos comprimentos de onda de 980nm e 1470nm na técnica, esclarecendo seus efeitos nos tecidos e os impactos clínicos dessa associação.
Na entrevista a seguir, ela explica como cada comprimento de onda atua, quais são os benefícios e riscos dessa combinação, além das novas perspectivas para o uso da tecnologia na dermatologia estética.Confira os insights da Dra. Layla Dias sobre essa inovação e seus desdobramentos na prática clínica.
Estética e Mercado – Qual foi a motivação para investigar a combinação dos comprimentos de onda de 980nm e 1470nm na técnica de Endolifting®?
Com o crescimento da técnica, houve a disseminação de conteúdos distorcidos, aumentando intercorrências, e um dos fatores que contribuiu para isso foi a venda de máquinas com dois comprimentos de onda. As empresas utilizaram o argumento de dois comprimentos de onda como um grande diferencial e benefício, mas não sabiam como fazer a aplicação correta para tal.
Dra. Layla Dias – Como cada um desses comprimentos de onda atua nos tecidos e qual é a vantagem de utilizá-los em conjunto?
O laser 1470nm tem uma grande absorção por água e gordura. Para que o laser aja no tecido, é necessário primeiro a ação da absorção, que é a interação entre o laser e o tecido (células do corpo) para que ocorra a fototermólise seletiva; após a absorção teremos o espalhamento do calor, e é aí que entra o 980nm. O laser 980nm distribui o calor gerado pela ação do 1470nm, isso é bom quando temos muita gordura, mas em contrapartida aumenta o risco da técnica.
Quais diferenças nos resultados clínicos foram observadas ao comparar a aplicação de um único comprimento de onda com a combinação dos dois?
Utilizando apenas 1470nm teremos o calor mais concentrado e, consequentemente, mais segurança . Quando acrescento o 980nm, se tenho uma área com maior quantidade de gordura, tenho o benefício desse calor se espalhar e consigo melhores resultados.
Houve alguma alteração nos parâmetros técnicos ou no protocolo do procedimento ao introduzir o segundo comprimento de onda?
Sim. A partir do momento em que uso um comprimento de onda que vai espalhar mais o calor, vou precisar trabalhar em um plano mais profundo e dosar os parâmetros de ambos os lasers.
Quais foram os critérios de seleção dos pacientes para este estudo específico e como eles diferem do estudo anterior?
Selecionamos pacientes com muita gordura, e focamos o tratamento para redução dessa gordura.
A adição de um segundo comprimento de onda impactou o tempo de recuperação ou o perfil de segurança do procedimento?
Sim. Com o uso do laser 980nm, eu espalho calor, com isso é uma área maior que será trabalhada, consequentemente mais risco, e mais processo inflamatório, o que aumenta o edema e o tempo de recuperação.
Existem novas contraindicações ou precauções específicas associadas ao uso combinado dos dois comprimentos de onda?
Sim. Eu contra indico o comprimento de onda 980nm para a face.
Como essa abordagem inovadora se posiciona em relação a outras técnicas avançadas de redução de gordura submentoniana e tonificação da pele?
O Endolifting como um todo, com um ou dois comprimentos de onda, é uma técnica maravilhosa se bem indicada e bem realizada. E agora entregando mais resultados do que nunca, pois estamos associando a outras tecnologias como radiofrequência microagulhada robótica e CO2 fracionado. Contudo, eu não conheço nenhuma outra tecnologia que atue diretamente na gordura sem necessidade de passar por outras camadas da pele. O Endolifting® é único até o momento.
Quais são as perspectivas futuras para a aplicação dessa técnica com duplo comprimento de onda na prática clínica e possíveis novas áreas de pesquisa?
O que já tenho feito há mais de um ano em meus atendimentos clínicos é a associação de tecnologias, tratando todas as camadas da pele e a utilização do Endolifting® para remoção de preenchedores e nódulos inflamatórios advindos de outros procedimentos.
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