O setor de estética e cirurgia plástica brasileiro movimenta cerca de R$ 48 bilhões por ano e coloca o país como o 3º maior mercado mundial. Nesse cenário, a blefaroplastia — cirurgia que corrige o excesso de pele e bolsas nas pálpebras — destaca-se como o procedimento facial mais realizado, segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS).
A procura cresceu mais de 30% nos últimos três anos, impulsionada por fatores como o envelhecimento da população, a busca por resultados naturais e a maior exposição da face em videoconferências e redes sociais. Além da melhora estética, o procedimento também pode trazer benefícios funcionais, como a ampliação do campo visual.
Para compreender como as técnicas vêm evoluindo, quais cuidados são indispensáveis e como isso reflete no dia a dia de profissionais e pacientes, conversamos com a médica Dra. Patrícia Rocha, oftalmologista e cirurgiã, pioneira na blefaroplastia a laser em Brasília. Com mais de 15 anos de experiência dedicados exclusivamente à área ocular, ela é referência nacional no procedimento e já operou personalidades de destaque, como o deputado federal Eduardo Bolsonaro e o ministro Noronha, do Superior Tribunal de Justiça, além de outras figuras públicas e celebridades.
1. Nos últimos anos, a blefaroplastia assumiu a liderança entre os procedimentos cirúrgicos faciais. Quais mudanças técnicas e científicas mais contribuíram para esse crescimento?
Nos últimos anos, a blefaroplastia deixou de ser vista apenas como um procedimento estético e passou a ser compreendida como algo que também pode trazer ganhos funcionais. Avanços como o uso do laser — que reduz sangramento, proporciona mais precisão e diminui o tempo de recuperação — transformaram a cirurgia. Além disso, hoje temos um olhar mais moderno para o rejuvenescimento da região dos olhos, buscando resultados naturais e respeitando a anatomia de cada paciente. A popularização das videoconferências e redes sociais também aumentou a atenção para essa área do rosto, contribuindo para a alta procura.
2. Você é pioneira na aplicação da técnica a laser em Brasília? Quais as principais diferenças desse método para o tradicional?
Sim, sou pioneira na blefaroplastia a laser em Brasília. No método tradicional, o corte é feito com bisturi, o que provoca sangramento intenso durante a cirurgia. Para conter esse sangramento, é necessário o uso do eletrocautério, que pode gerar mais trauma tecidual. Como consequência, o pós-operatório costuma ser mais arrastado, com muito inchaço, roxos intensos e uma recuperação mais lenta.
Já no laser, o corte e a cauterização acontecem simultaneamente, praticamente sem sangramento. Isso torna a cirurgia mais rápida e precisa, reduz o trauma nos tecidos e proporciona um pós-operatório muito mais confortável: o paciente quase não fica roxo, o inchaço é mínimo e ele retorna às atividades do dia a dia muito mais rápido. Além disso, a energia térmica controlada do laser estimula a produção de colágeno, o que favorece uma cicatrização de melhor qualidade.
Essas vantagens fazem com que eu opere muitos pacientes de outras cidades, de outros estados e até de fora do Brasil, que conseguem voltar para casa já no dia seguinte à cirurgia e retomar suas atividades normais em menor tempo.
3. Com a busca crescente por resultados mais naturais, como o conceito de “quiet beauty” influencia a abordagem e a indicação da blefaroplastia?
O conceito de “quiet beauty” está totalmente alinhado à forma como eu trabalho. Não é sobre mudar o rosto ou alterar as características do paciente. Na blefaroplastia, com a técnica que executo, o objetivo é que as pessoas não percebam que foi realizada uma cirurgia — apenas notem que o paciente está mais bonito, com um olhar mais leve e rejuvenescido, sem saber exatamente identificar o que foi feito. Essa é a essência do quiet beauty: devolver beleza e frescor, retirando alguns anos da aparência, mas preservando a identidade e a naturalidade do paciente.
4. Quais são os principais cuidados na avaliação do paciente para garantir um procedimento seguro e com resultados previsíveis?
A avaliação detalhada é a chave de um bom resultado. Analiso desde a anatomia da pálpebra até o histórico de saúde do paciente, incluindo exames complementares, para garantir que não haja contraindicações. Também observo questões como flacidez de pele, quantidade de gordura e posição da sobrancelha. Explico com clareza quais resultados são possíveis para aquele caso específico e oriento sobre todos os cuidados pré e pós-operatórios para garantir segurança e previsibilidade.
5. Ao longo da sua trajetória, quais mudanças percebeu no perfil dos pacientes que buscam a blefaroplastia e como isso impacta a conduta médica?
Hoje, o público está mais informado e busca resultados mais naturais. Recebo desde jovens com queixas funcionais ou estéticas até pacientes mais maduros que desejam rejuvenescer o olhar. Muitos vêm por indicação de outros pacientes e também por já acompanharem meu trabalho com figuras públicas. Isso exige uma conduta médica individualizada, adaptando a técnica ao perfil de cada pessoa, sempre equilibrando estética e função.
6. Que mensagem a senhora deixaria para profissionais da saúde que desejam se aprofundar na área e oferecer um atendimento cada vez mais qualificado aos seus pacientes?
Estudem constantemente e estejam abertos às novas tecnologias, mas nunca percam a essência do atendimento humano. A blefaroplastia é uma cirurgia que exige técnica apurada, mas também sensibilidade para entender o que o paciente realmente deseja. Busquem aprimoramento contínuo, pratiquem a escuta ativa e lembrem-se: cada paciente é único, e é essa individualização que garante resultados duradouros e satisfação real.

Dra. Patrícia Moura Rocha.
Médica oftalmologista Plástica Ocular
Membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia – CBO
Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Ocular – SBCPO